Não é só no silêncio que crescem monstros. Às vezes, germinam precisamente no ruído das palavras mansas, na subtil sedução de discursos confortáveis e em frases polidas que escondem lâminas enferrujadas. O Micas ainda não sabia, mas naquela noite calma, sob a luz espectral da televisão que piscava numa cadência inquieta, desenhava-se um dos muitos abismos humanos que a história insiste em repetir.
As palavras, que a princípio não significavam mais do que um ruído de fundo, transformaram-se rapidamente em alfinetes verbais, incitando perguntas incómodas, pontiagudas e quase indecentes pela sua simplicidade devastadora: “Papá, o que é a extrema direita?” Uma interrogação atirada com a inocência perversa que só uma criança domina, capaz de desmontar a paz falsa de um jantar rotineiro.
O Papá, com a barba cuidadosamente aparada, como quem tenta controlar o mundo através de pequenas precisões, sentiu a pulsação acelerar-lhe nas têmporas. Não estava pronto para dissecar a crueldade elegante da política perante um filho de olhos tão limpos. Mas a inocência nunca espera autorização, invade-nos, brutal e gentil, exigindo respostas.
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